Boas Vindas

Olá seja bem vindo ao Blog da Pastoral da Comunicação. Aqui você irá encontrar muitas noticias do que está acontecendo na Arquidiocese Sant' Ana de Botucatu. Tenha uma boa navegação. E visite também o site da Arquidiocese de Sant'Ana de Botucatu: www.arquidiocesedebotucatu.com.br


sábado, 4 de junho de 2011

Comunicar com dignidade...


Sex, 03 de Junho de 2011 09:58 por: cnbb

Dom Nelson Westrupp, scj

Bispo Diocesano de Santo André - SP

Em tempos de novas tecnologias da comunicação, de mudanças quanto ao modo de comunicar, de estabelecer relações e de estreitar amizades, jamais podemos perder de vista que esses instrumentos, por mais sofisticados que sejam, devem estar a serviço do bem integral da pessoa humana.

Pondo-me a pensar sobre a dignidade da pessoa humana e os meios de comunicação social, pergunto-me: qual é o alcance da Declaração Universal dos Direitos Humanos em relação ao que lemos em seu art. 12º?: “Ninguém será sujeito à interferência na sua vida privada, na sua família, no seu lar ou na sua correspondência, nem a ataques à sua honra e reputação. Todo ser humano tem direito à proteção da lei contra tais interferências ou ataques”. E a Constituição Federal do Brasil de 1988, art. 5o , X, acrescenta: “são invioláveis a intimidade, a vida privada, a honra e a imagem das pessoas, assegurado o direito à indenização pelo dano material ou moral decorrente de sua violação”.

É isso que está acontecendo? As informações que recebemos correspondem sempre à verdade? A fonte, a aquisição e a difusão das notícias e informações respeitam a dignidade da pessoa humana? Se aquele que comunica não estiver revestido de ética e reta intenção, sua informação não será verdadeira, não respeitará a dignidade do outro. Direitos e deveres da comunicação social devem desenvolver-se internamente à lógica da responsabilidade. Urge promover códigos deontológicos que respeitem os direitos fundamentais do ser humano (cf. Estudos da CNBB, 101, n. 8).
Os responsáveis pela imprensa deveriam levar em conta a verdade, a justiça e o bem comum. Um meio de comunicação (TV, rádio, jornal, revista, internet, etc.) não se torne instrumento que reduza as pessoas a categorias, manipulando-as por motivos escusos. “Como qualquer outro fruto do engenho humano, escreve Bento XVI em sua Mensagem para o 45º Dia Mundial das Comunicações Sociais, as novas tecnologias da comunicação pedem que sejam postas ao serviço do bem integral da pessoa e da humanidade inteira”. Assim sendo, é preciso comunicar com integridade e transparência, pois a falsidade e a falácia andam na contramão da verdade e da liberdade.

Se, por um lado, a sociedade tem direito a uma informação fundada sobre a verdade, por outro, o correto exercício desse direito exige que a comunicação seja, quanto ao objeto, sempre autêntica, correta e completa, dentro do respeito às exigências da justiça e da caridade; que ela seja, quanto ao modo, honesta e conveniente, quer dizer, que na aquisição e difusão das notícias observe absolutamente as leis morais, os direitos e a dignidade humana (cf. Catecismo da Igreja Católica, 2494).

Nem sempre é o que se verifica. Quantos “furos de reportagem” interferem diretamente na privacidade, na intimidade, na honra ou na imagem das pessoas! Causa indignação, muitas vezes, o modo como as pessoas são “puro objeto” de notícias escandalosas e infundadas. Como os fatos são distorcidos e manipulados! Sem muito compromisso com a “veracidade” do que se publica, os princípios éticos e direitos fundamentais são inescrupulosamente desrespeitados. Como proceder para coibir os abusos do “direito a não ser notícia” antes da comprovação dos fatos?

Não raras vezes se lê: “Imprensa relata os fatos, não os inventa”. E se os “fatos” relatados não passam de “boatos”, ou até de mentira, calúnia, difamação?

“Fato”, segundo o dicionário Aurélio, “é aquilo que realmente existe, que é real; coisa ou ação feita. “Boato” é “notícia anônima que corre publicamente sem confirmação; boatice, balela, zunzum”.

Quantos abusos no exercício da liberdade de expressão! Quantas almas feridas e destruídas em nome de sensacionalismos baratos, pouco ou nada se importando com a dignidade da pessoa!

Por que tanta sede, tanta fome de vender “boatos” por “fatos”? Para muitos, a “regra de ouro” é pouco lembrada: “Tudo aquilo que quereis que os homens vos façam, fazei-o vós a eles, pois esta é a Lei e os profetas” (Mt 7,12). Quem de nós gostaria do contrário? Em tempos de eleições políticas, causa tristeza e indignação a baixeza usada para combater os candidatos adversários. Não cabe ao jornalista ou ao profissional da imprensa, em nome da liberdade de expressão, insinuar, manipular ou inventar “fatos” e “boatos”...

Não cabe aos “donos” dos meios de comunicações sociais assumirem a função que compete à Justiça ou a Deus. “Quem és tu, que te arvoras em juiz do teu próximo?” (Tg 4,12). Quantas mortes causa a maledicência, a calúnia, a mentira, a difamação! Quantos ressentimentos e até ódio causa a língua falsa ou mentirosa! Ela é “cheia de veneno mortal” (cf. Tg 3, 1-12). Por isso, não basta reformar só a linguagem; é preciso começar pelo coração. Deus fez da “palavra” o seu meio predileto de revelar o seu amor. Jesus mesmo é a “Palavra” boa, saída do coração do Pai.

Por que, então, não devemos interferir na intimidade e na honra das pessoas? Simplesmente porque só Deus pode julgar, pois só Ele conhece a intenção e os segredos íntimos do coração humano. Não é tanto o “juízo” que devemos banir do coração quanto o “veneno do nosso juízo” (cf. Lc 6,37). Condenemos sempre o pecado, mas nunca o pecador!

Fonte: http://www.arquidiocesedebotucatu.com.br/index.php?option=com_wrapper&view=wrapper&Itemid=2

Nenhum comentário:

Postar um comentário